22/12/2010

Contribuição introdutória apresentada na Jornada Contra o TGV

  1. As análises do TGV

Esta apresentação vai ser algo difícil. Vou ser principalmente eu a falar, e no entanto vou falar em “nós”. Este “nós” que é simplesmente um grupo de companheiros que decidiu organizar este encontro.
Há tantas análises que se podem fazer sobre o TGV quantas as razões para o combater: a beleza aqui reside em superar as análises e aplicá-las.
Dizemos que o TGV é um projecto de morte, e isto não se trata de um exagero. Por onde passa, o que era deixa de ser. E não quer dizer que nos contentemos com o existente, é só que por alguma razão brincar no meio das árvores ainda nos dá mais alegria do que ver passar os comboios.

21/12/2010

[chegado por carta] Carta às altas esferas e a todos os que se deixam embalar pela sua melodia.

Não quero chegar mais rápido. Não quero um foguetão a voar na horizontal em frente à minha janela. Um foguetão barulhento a rasgar a Peninsula Ibérica aos bocados. A vossa Rede de Alta Velocidade é uma grandessíssima merda. É barulho, é lixo, são centenas de kilómetros de barreira intrasponível a atravessar os campos. Deixámos que construissem as auto-estradas. Estavamos meio a dormir. Mas já chega. O mundo não é vosso. O mundo que vocês estão a destruir é nosso: dos que queremos viver, dos que queremos usufruir dele, dos que não temos puto interesse nos vossos postos de trabalho, na vossa rotina, no vosso pesadelo paranoico pintado de sonho cor-de-rosa.
Felizmente a nossa hora soou. Não se cansem a construir uma coisa para a qual os vossos netos vão olhar com desdém. Arrumem as botas.

[texto distribuido nas jornadas] Sobre a Alta Velocidade em Portugal.

Os tempos que vivemos não nos dão nenhuma razão para nos querermos conciliar com este mundo. A toxicidade da realidade social e ambiental deixam-nos a certeza de que se não fizermos frente a todas estas coisas tóxicas corremos sérios riscos de ver decapitada qualquer possibilidade de vida. A crescente militarização da sociedade com todas as suas rusgas, prisões, detenções e expulsões (com uma nova etapa iniciada a partir da recente cimeira da NATO em Lisboa), os delírios megalómanos da construção de barragens, portos, zonas comerciais, autoestradas e comboios de alta velocidade são o desafio que nos apresenta a sociedade. A perspectiva que temos é a de que estes delírios pertencem ao mesmo projecto, que têm o mesmo objectivo e portanto serão submetidos ao mesmo
apontar de dedos e afinar das armas. Neste “fazer frente” devemos ser capazes de criar pontes entre vários pontos, mas devemos ser suficientemente espertos para saber onde nosposicionar.
O TGV pode, eventualmente, não começar a ser construído já no inicio de 2011 pois a propaganda democrática diz-nos que a situação económica é instável e existe a ameaça de um cancelamento de muitos projectos de morte. Nada disto nos interessa pois se não existem comboios a rasgar as planícies e as montanhas hoje, eles virão amanhã e se nunca chegarem outros “comboios” necessitarão de ser parados.

[Texto distribuido em Novembro 2010] O TGV não vai passar por aqui porque nós não vamos deixar.

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RAVE: em alta velocidade a destruir tudo por onde passa

O projecto do comboio de alta velocidade (TGV; em Portugal foi nomeado RAVE – Rede de Alta
Velocidade) vai começar a ser construído entre Lisboa e Caia, na fronteira com Espanha, para a partir daí
continuar até Madrid. A sua construção é uma imposição, independentemente das pessoas afectadas, da
sua vontade e do seu bem-estar. As expropriações por parte do Estado já começaram.
A discussão sobre este projecto tem sido, até hoje, meramente política: partidos e organizações
sentam-se à mesa de negociações e regateiam onde, quando e como será este projecto levado em frente. O
seu interesse não está em parar este projecto de morte, mas em decidir qual será a forma mais vantajosa
de o construir, e em que momento será economicamente mais aceitável. Mesmo aqueles que estão
sinceramente contra a construção do TGV, a nosso ver até hoje não apresentaram nenhuma forma
concreta de resistência e ataque a este projecto que o possa efectivamente parar.
Nesta discussão política, todos os factores entram em consideração, excepto um: a nossa vontade de
viver e circular livremente e de destruir os planos que sufocam a nossa vida e os sítios onde vivemos.
É por isto que pensamos que a resistência ao TGV deve ser tentada através de uma luta anti-política,
uma luta que ponha em prática os nossos desejos, necessidades e vontades reais, e que verdadeiramente
consiga pôr um travão no avanço da morte. Esta luta, além de recusar a negociação com aqueles que nos
tentam impor vidas que não queremos, deve ser uma luta de ataque e não de simples resistência, ou seja,
deve tomar a iniciativa e agir da maneira que cada um achar melhor, tendo como alvo as obras do TGV,
estações e acessos, assim como as empresas e instituições envolvidas na sua
construção/exploração/financiamento.

09/11/2010

Jornada contra o TGV. Lisboa, 18 de Dezembro na SEVERA.

:: O projecto do Comboio de Alta Velocidade em Portugal e a necessidade de o parar ::

:: Experiências de luta em Itália e no País Basco ::

18 de Dezembro, das 14h às 20h


O TGV, cujas obras vão ser brevemente iniciadas, é um dos projectos mais destruidores que o capitalismo concebeu para a região portuguesa. O impacto que terá no meio ambiente e nas vidas de todos é muito maior e muito diferente que aquele previsto por organizações ambientais e sociólogos do Estado. O TGV traz consigo a actualização do sistema de miséria em que todos vivemos abrindo a partir daqui o espaço necessário para que muitas mudanças sejam feitas na sociedade portuguesa. O controlo social, a transformação do território, a militarização das ruas e a urbanização desenfreada nas cidades, vilas e aldeias por onde passa a Alta Velocidade são apenas consequências imediatas de um projecto de desenvolvimento que é necessário combater.

Este processo de destruição teve já lugar em outras partes deste mundo, nomeadamente em França, Itália, Espanha e Pais Basco e em todos eles contou com grupos e movimentos de oposição variados tendo sido em alguns locais uma luta sem tréguas pela destruição das máquinas e instituições que queriam levar avante a construcção da infraestrutura do comboio. Muitas destas lutas continuam activas tal como as linhas de alta velocidade e o seu desfecho é imprevisível em inumeros sítios. No meio de tudo isto apenas nos alegra o facto de que para muitos lutar contra o TGV é apenas o início de uma luta mais ampla contra o desenvolvimento do Capital e muitos outros dos seus projectos.

Perante a necessidade de divulgar e debater experiências de luta contra os vários projectos do TGV pela Europa (Itália e País Basco) e divulgar informação sobre este projecto em Portugal vai decorrer dia 18 de Dezembro na SEVERA a Jornada contra o TGV.

SEVERA: Largo da Severa nº 11, LIsboa, Mouraria.